Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

Pesquisa da UFPR busca soluções para contaminantes na água tratada

Por Jornalismo. Publicado em 17/10/2019 às 12:50.

Mesmo em baixa concentração, hormônios, fármacos, e toxinas de algas, que são encontradas na água das grandes cidades podem ser um risco a saúde. Um estudo da UFPR busca soluções para o problema.

Foto: Sucom UFPR

 

 

 

 

 

Era para ser apenas água potável, mas nem sempre o que chega às torneiras de nossas casas é 100% puro. Existe uma infinidade de substâncias microscópicas que não são eliminadas durante os sistemas de tratamentos das cidades brasileiras. Isso não quer dizer que a água seja imprópria para consumo, já que segundo os padrões internacionais de potabilidade, a água por aqui é limpa e está pronta para beber.

Mas o problema é que, até hoje, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não avaliou os riscos para a saúde desses resíduos extras. No Paraná, por exemplo, nos reservatórios são encontrados resíduos de medicamentos e toxinas de algas, que aparecem principalmente em regiões onde não tem tratamento de esgoto.

Uma pesquisa coordenada pelo Departamento de Farmacologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), analisou dois reservatórios do estado. Em Ponta Grossa, na barragem de Alagados, foi possível identificar um milhão de cianobactérias neurotoxinas por mililitro de água, quando o ideal, na água bruta, sem tratamento, deveria ser de 20 mil por mililitro de água.  E no reservatório do Iraí, na região da capital, resíduos de paracetamol, diclofenaco, antibióticos e hormônios. Como conta a professora responsável pelo estudo Helena Cristina da Silva de Assis.

Toda vez que você toma uma medicação, parte dela é absorvida pelo seu organismo e parte é expelida, através da urina e das fezes. Estes resíduos vão para o sistema de esgoto, que passa pelo tratamento e é liberado no ambiente. Depois, é capturado novamente pelo sistema de tratamento de água, recebe substâncias para ser limpa e volta para a torneira da sua casa. Ou seja, parte do remédio para dor de cabeça que você tomou hoje pode voltar para sua torneira daqui alguns dias. Além disto, a multiplicação das algas libera na água microcistinas, elemento tóxico que podem afetar o fígado e até mesmo ao sistema neurológico. Utilizando peixes como bioindicador, o trabalho planeja prevenir para não ter que tratar doenças que podem, inclusive, levar à morte.

Se a má notícia é que estes resíduos podem ser danosos à saúde, a boa é que as pesquisas caminham para soluções que possam eliminar fármacos e toxinas. Baseado em um sistema alemão, professora Helena desenvolveu em seu laboratório, com o auxílio de estudantes de pós-graduação, um sistema com plantas aquáticas, produzidas aqui no estado: as macrófitas. Elas funcionam como filtros naturais.

Os resultados preliminares foram satisfatórios. As plantas, completamente submersas, conseguiram filtrar 50% do paracetamol, 93% do diclofenaco e 100% das toxinas das cianobactérias. A ideia seria utilizar esse sistema no pós-tratamento da água potável, para que as macrófitas façam uma filtragem adicional na água e, com isso, eliminem os contaminantes emergentes que não são removidos nos tratamentos tradicionais.

A proposta é desenvolver um piloto desse sistema para verificar seus resultados em escalas maiores, já nas estações de tratamento. Uma solução ecológica e de baixo custo para sanar o problema.

Repórter Alexandra Fernandes