Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

Alerta: no Paraná suicídio mata mais policiais do que confrontos

Por Jornalismo. Publicado em 30/09/2019 às 12:04.

O Paraná conseguiu no último ano registrar uma redução no número de policiais civis e militares mortos em situação de confronto. Mas, por outro lado o suicídio está em alta entre a categoria, ao ponto de hoje ser mais comum um policial se suicidar do que ser morto nas ruas. As corporações alegam que tem trabalhado para evitar a situação. Acompanhe na reportagem de Alesxandra Fernandes.

Foto: PMPR

 

 

 

 

Dados do 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelaram que os policiais civis e militares no Paraná estão morrendo mais por suicídio do que em confrontos nas ruas. Só no último ano foram 11 policiais que deram cabo às próprias vidas no estado.

Se comparado ao ano de retrasado, o crescimento dos casos de suicídio chega a 37,5%. Em 2017 foram oito registros. Em contra partida, o foram cinco mortes em confrontos, o que aponta para uma redução de 44,4% na comparação com 2017, quando nove policiais haviam sido mortos.

O estudo ainda indica que as taxas de suicídio por grupo de mil policiais da ativa é bem maior no Paraná do que no restante do país. No estado a taxa de suicídio é de 0,4 e a de mortes em confronto, de 0,2. Já no Brasil, a taxa de suicídio é de 0,2 e a de mortes em confronto, de 0,6.

Para o deputado Delegado Jacovós, que atou na Polícia Civil do Paraná desde 1994, o aumento de casos de suicídio está associado às condições de trabalho com as quais se deparam os policiais.

Apesar do aumento dos casos, a delegada-titular do Grupo Auxiliar de Recursos Humanos da Polícia Civil, Luciana Novaes, aponta que a situação dentro da corporação não é alarmante. Segundo ela, o fato indica uma estabilidade, e não um aumento das ocorrências. Ela ainda afirma que a corporação está unida com outras forças de segurança para oferecer serviços de saúde mental aos policiais.

Situação que o deputado Delegado Jacovós desconhece. Ele mesmo perdeu um colega de trabalho neste ano, que o substitui em Apucarana, no norte do Paraná.

Dados da Polícia Militar apontam que pelo menos 3% dos atestados recebidos em 2018 são de problemas psicológicos. Um dos casos que mais chamou a atenção para este problema na corporação foi o do policial William Moreira de Almeida. Em agosto do ano passado, após uma briga ele matou o primo, a namorada e se matou. O soldado chegou a ficar afastado por sete meses por depressão. Segundo a neuropsicóloga Talita a elevada taxa de suicídio e depressão nas corporações é resultado da rotina estressante de trabalho. Para enfrentar na situação é necessário mais apoio psicológico aos profissionais.

Várias entidades de apoio aos policiais já solicitaram às corporações que ofereçam mais serviços de apoio psicológico e psiquiátrico aos policiais.

Repórter Alexandra Fernandes