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Pandemia de coronavírus é seguida por tsunami de distúrbios psiquiátricos

Por Jornalismo. Publicado em 13/04/2020 às 13:27.

O sofrimento causado pelo isolamento e também pelas perdas de pessoas queridas durante o surto de coronavírus já deixou marcas em outros países. E não é apenas a saúde mental das pessoas que pode sofrer esse impacto, mas a própria economia vai ter mais dificuldades de se reerguer sem que se dê atenção ao problema. Confira na reportagem de Amanda Yargas.

NOTA RETORNO O cenário é mesmo preocupante e para ajudar a evitar ou pelo menos amenizar o sofrimento psicológico, amanhã a gente traz as dicas do psiquiatra para passar pelo isolamento de forma mais leve.

Foto: Engin Akyurt/Unsplash

 

 

Com o coronavírus e seu rastro de doentes e perdas econômicas concentrando a energia e os recursos das equipes médicas, governos, empresas e da população em geral, o tema do impacto do isolamento na saúde mental das pessoas tem sido considerado como uma consequência de menor gravidade. Mas o psiquiatra Alexandre Valverde alerta para uma epidemia psicológica caudada por esta configuração temporária de relações de distanciamento e também de proximidade.

 

Um artigo publicado na revista científica Lancet chamado ‘O impacto psicológico da quarentena e como reduzi-lo: uma breve revisão das evidências’ mostrou que pessoas que ficaram em isolamento por conta do coronavírus tiveram um aumento expressivo de distúrbios emocionais, entre eles depressão, estresse, humor baixo, irritabilidade, insônia, estresse pós-traumático. Os casos mais comuns foram a queda no humor, que atingiu 73% das pessoas e a irritabilidade, com 57%. Se o caso se repetir no Brasil, grande parte destas pessoas vai precisar de atendimento para contornar os efeitos psicológicos do isolamento. o psiquiatra Alexandre Valverde considera que não há como atender esta demanda, o que vai provocar um colapso também nesta área da saúde

 

Um outro estudo mostrou o impacto nos profissionais de saúde, que trabalham durante o surto de Covid-19 em 34 hospitais da cidade de Wuhan, na China. Mais da metade deles relatou sintomas de depressão e 71,5% disse ter passado por algum sofrimento psicológico. Entre os pesquisados, cerca de 61% eram da equipe de enfermagem. Para o psiquiatra, os profissionais da saúde que não são médicos são os que trabalham em contato mais direto e constante com os doentes e são menos reconhecidos.

 

De acordo com  o psiquiatra Alexandre Valverde, não se está dando a devida atenção para esta onda de sofrimento psicológico que vem com a pandemia da Covid-19. E isso vai atrasar a recuperação social e econômica.

 

Repórter Amanda Yargas