Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

Mulheres negras enfrentam preconceito duplo na política

Por Comunicação. Publicado em 28/01/2022 às 15:52.

Falta de incentivo dos partidos e de recursos financeiros, preconceito e violência ainda são obstáculos para a entrada e permanência de mulheres negras na esfera pública. Com a nova regra eleitoral, a expectativa é que a representatividade delas aumente.

Por Fernanda Nardo

 

Falta de recursos e preconceito são alguns dos desafios para entrada de mulheres e negros na política, ainda mais para quem pertence a esses dois grupos. Com novas regras eleitorais em 2022, espera-se que a participação delas na esfera política aumente após as eleições em outubro. Em 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os recursos públicos dos Fundos Partidário e Eleitoral, e o tempo de rádio e TV destinados às candidaturas de mulheres deveriam ser repartidos entre mulheres negras e brancas na exata proporção das candidaturas apresentadas pelas agremiações. A regra entrou em vigor já nas eleições passadas. E em 2021, uma emenda à Constituição estabeleceu que os votos dados a candidatas mulheres e a pessoas negras serão contados em dobro para efeito da distribuição dos recursos do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral. No entanto, para a procuradora e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Dora Lúcia de Lima Bertulio, o potencial das medidas depende de fatores que estão além das decisões judiciais.

SONORA

De acordo com o Mapa das Mulheres na Política 2020, relatório publicado pela ONU e pela União Interparlamentar (UIP), o país ocupa a posição de número 142, dentre 193 nações, no ranking de representatividade feminina na política. Segundo a procuradora, se não houver uma mudança dentro dos partidos e a pressão de movimentos identitários e das candidatas nessas estruturas, não haverá grandes mudanças.

SONORA

Além das inúmeras dificuldades que as mulheres negras têm para entrar na vida política, quando estão dentro, as parlamentares vivenciam o preconceito e constrangimentos diários, é o que relata a vereadora de Curitiba, Ana Carolina Dartora (PT), a primeira mulher negra a se eleger na capital.

SONORA

Para a vereadora, os movimentos sociais e identitários são fundamentais para a entrada das mulheres negras na política. Ela destaca a importância da participação política de mulheres negras para a consolidação de um Estado mais plural e democrático.